
1
Noelia Palma
Lo juro, ahí está el
silencio debajo de la mesa.
El cuerpo no me alcanza
para agazaparme a recolectar,
repentinamente, toda esa
noche mía.
Son muchas muertes.
Las más perfectas tienen
cartas,
contestadores, shocks
eléctricos.
Ahí está el silencio. Se
hace agua
y algo resbala para
siempre en mis rodillas.
Es esa pierna y el
escalofrío, es ese ojo viéndome,
Haciendo el gesto, un
guiño.
Lo juro, me froto en toda
esa pena.
Se trata de un pichoncito
atado al pecho.
Te ato, por dónde, no
vayas,
no juntes el silencio,
mirate la boca.
Cuerpo, mi cuerpo: mirate
la boca.
1
Juro, aí está o silêncio
debaixo da mesa.
O corpo não é grande o
suficiente para me agachar e recolher,
repentinamente, toda essa
noite minha.
São muitas mortes.
As mais perfeitas têm
cartas,
secretárias eletrônicas,
choques elétricos.
Aí está o silêncio. Se faz
água
e algo resvala para
sempre sobre meus joelhos.
É essa perna e o arrepio,
é aquele olho me observando,
Fazendo um gesto, uma
piscadela.
Juro, eu me esfrego em
toda essa dor.
É um pombinho amarrado ao
meu peito.
Te amarro, onde, não vá,
não se junte ao silêncio,
olhe para sua boca.
Corpo, meu corpo: olhe
sua boca.
Ilustração: Papel de Parede.
No comments:
Post a Comment