Saturday, July 18, 2015

Uma poesia de Javier Alvarado

                                                                                                    
La muerte y su barco

Javier Alvarado

La muerte regresa a tientas con su barco
Escupe sus negros esclavos, sus piezas de mercadería
Regresa desde los sueños en forma de galeón o de canoa
Es en nosotros que vive con su llanto sumergido

A veces me pregunto a quien llaman mis padres
Desde la senilidad con sus tantas voces;
Por qué se repiten mis abuelos en los mismos hábitos
De hablar con la nada
O de esparcir sus fotografías
En el garabato de la niebla?

Aún no se esconden las cosas presentes y los veo
Jugar con los nietos, que permanecerán cantando para siempre
Cuando hay brea sobre estos puertos
O gaviotas confusas que se posan en los mástiles y en las cuerdas
A diatribar con los gallotes.

No hay más misterios nivelados que observar el mar
Y su llanto sumergido,
Esos dioses gemebundos
Que bostezan despacio o que se llenan la boca con fabulaciones
De foca o de ballena.

Es este miedo a respirar las sales que ya conozco
A visitar esos puertos donde se quedó mi cuerpo de tritón
O de almirante,
Escribir los mismos poemas
Que circularon con las estrellas de la espuma, o recordar
Esa balada que va en la boca de los longorongos
Que gritan sus orgasmos repletos de fiebre;

Vegetar en mi espejo que se vuelve un caracol henchido
O una furia oceánica que se repite como un triste maremoto.

Por eso atestiguo el recolectar con mi caña de pescar estas imágenes.
Estas verdades que tiemblan y se agitan en el fondo
De todas las nadas como peces que resguardan la tranquilidad del aire
O como burbujas secas que se quedan vacilando
En mis manos como medusas.

La muerte me llevará a todos los puertos
E irá doblando mis pantalones y mis restos de equipaje.

Seré más oscuro o luminoso cuando recorra
Las huestes y las epopeyas de otros mares, seré joven o viejo
O quizás oblicuo como todo resplandor que nace.
A veces creo que cada día
La muerte nos prepara para entrar en su barco.


A morte e seu barco

A Morte regressa a tatear com seu barco
Cospe seus escravos negros, suas peças de mercadoria
Regressa dos sonhos em forma de galeão ou de canoa
Em nós que vivemos com o seu pranto submerso.

Às vezes me pergunto a quem chamam meus pais
Desde senilidade com tantas vozes;
Por que meus avós repetem os mesmos hábitos
De falar para o nada
ou espalhar suas fotos
nas garatujas do nevoeiro?

Ainda não se escondem das coisas presentes e os vejo
jogando com os netos, que permanecerão para sempre cantando
quando não há breu nas portas
ou gaivotas confusas empoleirando-se nos mastros e cordas
a diatribar com galeotes.

Não há mais mistérios nivelados que observar o mar
e seu pranto submergido,
Estes deuses gemebundos
que bocejam devagar ou enchem a boca com fabulações
de foca ou de baleia.

É este medo de respirar os sais que já conheço
A visita a estes portos, onde o meu corpo ficou tritão
ou almirante.
Escrever os mesmos poemas
que circularão com as estrelas da espuma, ou lembrar
esta balada que entra pela boca dos longorongos
que gritam seus orgasmos repletos de febre;

Vegetar no meu espelho que se torna uma concha cheia
ou uma fúria do oceano que se repete como um triste maremoto.

Por isto testemunho ao recolher com a minha vara de pescar estas imagens.
Estas verdades que tremem e se agitam no fundo
De todos os nadas como os peixes que protegem a tranquilidade do ar
ou, como bolhas secas  que ficam vacilando
em minhas mãos como água-viva.

A morte me levará a todos os portos
e irá dobrando minhas calças e os meus restos de bagagem.


serei mais escuro ou luminoso quando recorrer
aos anfitriões ou as épopeias de outros mares, serei jovem ou velho
ou talvez oblíquo como todo resplendor que nasce.
Às vezes creio cada dia
que a Morte nos prepara para entrar no seu barco.


Ilustração: suckerforvampires.wordpress.com

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