Tuesday, December 13, 2016

Uma poesia de Pablo Méndez

 
Auténtica importância                    
Pablo Méndez

Mi amigo ha muerto.
No era el único, ni el mejor.
Pero tenía una robusta paz interna,
y una tristeza hermosa, meditada,
como la de una niña pobre,
o una mujer que no ha besado nunca.

Sobre todas las cosas ha dejado silencio.
También un epitafio difícil,
muy difícil de encontrar.
Unas lágrimas que se repiten en los ojos
marrones, pequeños, fríos de su madre.
Un cuarto vacío, sin luz de vida.
Pero sobre todo silencio.

Ahora me dicen que el verano ha vuelto,
que es un tiempo azul para enamorarse,
que los libros de los estudiantes
se han ido quedando rotos, sin alma.
Dicen que el día es felizmente
más largo y que las noches
se ahogan en sus propias sombras.

Y no me importa. Soy ajeno
a la realidad del mundo.

Lo único que de verdad
ocurre es que mi amigo
ha muerto. Y no volverá,
no volverá...

AUTÊNTICA IMPORTÂNCIA

Meu amigo está morto.
Não era o único, nem o melhor.
Porém, tinha uma robusta paz interna,
e uma tristeza formosa, meditada,
como a de uma menina pobre,
ou de uma mulher que não beijou nunca.

Sobre todas as coisas deixou silêncio.
Também um epitáfio difícil,
muito difícil de encontrar.
Umas lágrimas que se repetem nos olhos,
marrons, pequenos, frios de sua mãe.
Um quarto vazio, sem luz de vida,
Porém, sobretudo, silêncio.

Agora me dizem que o verão voltou,
que é um tempo azul para enamorar-se,
que os livros dos estudantes
se foram, ficando rotos, sem alma.
Dizem que os dias são felizmente
mais longos que as noites
e se afogam em suas próprias sombras.

Eu não me importo. Sou um estranho
à realidade do mundo.

A única coisa que de verdade
me ocorre é que meu amigo
está morto. E não voltará,

não voltará...

Ilustração: Volpi 

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