AMBIVALÊNCIA
Quando os peixes começaram a voar,
e o abstrato ao real povoar,
o profeta nunca mais
conseguiu acertar nenhuma profecia.
Quanto mais errava
mais sua sombra crescia
e as pedras, as coisas e as pessoas se misturavam,
enquanto monstros mal divisados se multiplicavam
e tudo virou uma pintura e uma poesia tão esquisita
que já não se sabia
a diferença entre o real e a fantasia
como se fosse um fim de tarde
em que o mundo se desfizesse
lentamente
e tudo se divisasse de forma figurada
até que não se compreendesse nada.
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