Friday, May 28, 2021

Uma poesia de P.K. Page

 


AUTUMN

P. K. Page

 

Whoever has no house now will never have one.

Whoever is alone will stay alone

Will sit, read, write long letters through the evening

And wander on the boulevards, up and down...

 

- from Autumn Day, Rainer Maria Rilke

 

 

Its stain is everywhere.

The sharpening air

of late afternoon

is now the colour of tea.

Once-glycerined green leaves

burned by a summer sun

are brittle and ochre.

Night enters day like a thief.

And children fear that the beautiful daylight has gone.

Whoever has no house now will never have one.

 

It is the best and the worst time.

Around a fire, everyone laughing,

brocaded curtains drawn,

nowhere-anywhere-is more safe than here.

The whole world is a cup

one could hold in one's hand like a stone

warmed by that same summer sun.

But the dead or the near dead

are now all knucklebone.

Whoever is alone will stay alone.

 

Nothing to do. Nothing to really do.

Toast and tea are nothing.

Kettle boils dry.

Shut the night out or let it in,

it is a cat on the wrong side of the door

whichever side it is on. A black thing

with its implacable face.

To avoid it you

will tell yourself you are something,

will sit, read, write long letters through the evening.

 

Even though there is bounty, a full harvest

that sharp sweetness in the tea-stained air

is reserved for those who have made a straw

fine as a hair to suck it through-

fine as a golden hair.

Wearing a smile or a frown

God's face is always there.

It is up to you

if you take your wintry restlessness into the town

and wander on the boulevards, up and down.

OUTONO

Quem não tem casa agora nunca terá uma.

Quem estiver sozinho ficará sozinho

Sente-se, leia, escreva longas cartas pela noite

E passeie nos bulevares, para cima e para baixo ...

- do Dia do outono, Rainer Maria Rilke

 

Sua mancha está em toda parte.

O ar de afiação

do final da tarde

agora é a cor do chá.

Folhas verdes uma vez glicerizadas

queimadas por um sol de verão

são frágeis e ocre.

A noite entra no dia como um ladrão.

E as crianças temem que a linda luz do dia tenha desaparecido.

Quem não tem casa agora nunca terá uma.

 

É o melhor e o pior momento.

Em volta de um fogo, todos estão rindo,

cortinas brocadas desenhadas,

em nenhum lugar - é mais seguro do que aqui.

O mundo inteiro é um copo

um poderia segurar em uma mão como uma pedra

aquecido pelo mesmo sol de verão.

Mas os mortos ou os mortos próximos

agora são todos dedos articulados.

Quem estiver sozinho ficará sozinho.

 

Nada para fazer. Nada para realmente fazer.

O brinde e o chá não são nada.

Fervuras de chaleira secas.

Feche a noite ou entre,

é um gato no lado errado da porta

em qualquer lado em que esteja. Uma coisa negra

com seu rosto implacável.

para evitar você

vai te dizer que és alguma coisa,

vai sentar, ler, escrever longas cartas durante a noite.

 

Embora exista uma recompensa, uma colheita completa

aquela doçura afiada no ar manchado de chá

é reservado para aqueles que fizeram uma palha

bem como um cabelo para aspirar,

bem como um cabelo dourado.

Vestindo um sorriso ou uma carranca

O rosto de Deus está sempre lá.

É com você

se levar tua inquietação invernal para a cidade

e vagueiar nos bulevares, para cima e para baixo.

Ilustração: Claudia. 

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