Julio Cortazar
Con qué tersa dulzura
me levanta del lecho en
que soñaba
profundas plantaciones
perfumadas,
me pasea los dedos por la
piel y me dibuja
en le espacio, en vilo,
hasta que el beso
se posa curvo y
recurrente
para que a fuego lento
empiece
la danza cadenciosa de la
hoguera
tejiédose en ráfagas, en
hélices,
ir y venir de un huracán
de humo-
(¿Por qué, después,
lo que queda de mí
es sólo un anegarse entre
las cenizas
sin un adiós, sin nada
más que el gesto
de liberar las manos ?)
UM BREVE AMOR
Com que terna doçura
me levanto do leito em
que sonhava
com profundas plantações
perfumadas
me passeando pelos dedos
pela pele e me desenha
no espaço, nos limites,
até o beijo
pousar em curvas e
recorrente
para que o fogo lento
inicie
a dança cadenciada da
fogueira
tecendo em rajadas, em
hélices,
indo e vindo de um
furacão de fumaça -
(Por que, depois,
o que sobra de mim
é apenas um afogamento
nas cinzas
sem um adeus, sem nada
além do gesto
de libertar as mãos?
Ilustração: BBC.
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