O teu olhar tantas vezes me disse,
por vezes de modo profundo,
como se preocupar era tolice
pelas mudanças e voltas do mundo.
Tua voz, para mim uma melodia,
ainda soa, no presente, rouca,
porém sumiu no tempo, um dia,
levando o gosto doce de tua boca.
Tuas mãos que, em vão, procuro
não me seguram mais sempre a teu lado
e acordo assombrado no escuro
me perguntando o que deu errado.
É no vinho que a lucidez me invade
e lembro do teu corpo, da felicidade,
de dias e noites, da inesgotável sede
de tanto amor, sem culpa nem maldade.
E sem amor, sem paixão, amor na vida
me vendo no espelho como sou.
Ilustração: cinemais.com.br.
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