LA POESÍA
Vicente Quirarte
Llegaste cuando debías.
Tu carruaje como tienda de gitanos.
Tus anillos con forma de
serpiente,
ávida de tocar, morder,
meterse, enajenar.
No llegaste montada en el
potro de lujo donde a veces me ha tocado cabalgarte en pelo.
Eras, como las hembras
donde se queda el verano,
tienda humilde por fuera.
Se filtraban en mi sangre
voces de otras mercaderías.
Mi abuelo murió loco.
Mi padre tradujo el
idioma de los acantilados
y surcaba las noches
montado en la bruja roja
de las anfetaminas.
Y tú llegaste, a veces
con tus grandes pechos,
otras con tus pezones
niños.
Y pensé que eras para mí.
Afuera esperaba,
impaciente, un regimiento.
A POESIA
Mancha expansiva de café
vinho ou azeite em uma toalha de mesa branca.
Chegastes quando devias. Tua
carruagem como uma loja de ciganos.
Teus anéis em forma de serpentes
avida por tocar, morder, meter-se, alienar-se.
Não chegastes montada num
potro de luxo onde às vezes tive que cavalgar-te em pelo.
Eras, como as fêmeas onde
fica o verão,
loja humilde por fora.
Se filtravam em meu
sangue vozes de outras mercadorias.
Meu avô morreu louco.
Meu pai traduziu a língua
dos penhascos
e sulcava as noites
montado na bruxa vermelha
das anfetaminas.
E tu chegastes, às vezes
com teus seios grandes,
outras com teus mamilos
infantis.
E pensei que eras para
mim
Lá fora, esperava
impacientemente, um regimento.
Ilustração: https://vilamulher.com.br/.
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