E, então, de repente o
sangue fluindo por onde menos esperava dava sinais que a vida havia mudado. O
tempo, senhor inexorável, havia introduzido seus sinais sub-reptícios e, agora,
lentamente, de forma silenciosa, mas, clara cobrava os dias de prazer, de
aventura, de ignorar o seu passar como se fosse eterna a vida passageira. Não
se afogou no desespero ou no lamento. Apenas deixou cair a taça de vinho, que
despedaçada, como todos os seus sonhos, não teria mais como se recompor. E só
pensou no amor, que há tanto tempo não tinha. Só pensou que a vida continuaria
a ser bela mesmo sem a sua presença. E , ignorando todos os sinais, encheu
outra taça e bebeu. Haveria ainda algum tempo sim. E brindou à vida que passava
com a mesma insolência que o guiou durante toda a vida: a sensação de ser
imortal, mesmo quando a morte já se anunciava.
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