Tuesday, September 10, 2024

Borges e a Moeda de Ferro

 


LA MONEDA DE HIERRO

Jorge Luís Borges

Aquí está la moneda de hierro. Interroguemos
las dos contrarias caras que serán la respuesta
de la terca demanda que nadie no se ha hecho:
¿Por qué precisa un hombre que una mujer lo quiera?

Miremos. En el orbe superior se entretejan
el firmamento cuádruple que sostiene el diluvio
y las inalterables estrellas planetarias.
Adán, el joven padre, y el joven Paraíso.

La tarde y la mañana. Dios en cada criatura.
En ese laberinto puro está tu reflejo.
Arrojemos de nuevo la moneda de hierro
que es también un espejo magnífico. Su reverso
es nadie y nada y sombra y ceguera. Eso eres.
De hierro las dos caras labran un solo eco.
Tus manos y tu lengua son testigos infieles.
Dios es el inasible centro de la sortija.
No exalta ni condena. Obra mejor: olvida.
Maculado de infamia ¿por qué no han de quererte?
En la sombra del otro buscamos nuestra sombra;
en el cristal del otro, nuestro cristal recíproco.

A MOEDA DE FERRO

Aqui está a moeda de ferro. Interroguemos

as duas faces contrárias que serão a resposta

da demanda teimosa que ninguém há feito:

Por que precisa um homem que uma mulher o queira?

 

Olhemos. No orbe superior eles se entrelaçam

o firmamento quádruplo que sustém o dilúvio

e as inalteráveis estrelas planetárias.

Adão, o jovem pai e o jovem Paraíso.

 

A tarde e a manhã. Deus em cada criatura.

Nesse labirinto puro está o seu reflexo.

Lancemos de novo a moeda de ferro

que também é um espelho magnífico. Seu reverso

É ninguém e nada e sombra e cegueira. És tu.

De ferro as duas faces esculpem um único eco.

Suas mãos e tua língua são testemunhas infiéis.

Deus é o inacessível centro do anel.

Não exalta nem condena. Trabalha melhor: esquece.

Maculado pela infâmia, por que hão de querer-te?

Na sombra do outro buscamos a nossa sombra;

no cristal do outro, o nosso cristal recíproco.

Ilustração: Monte de Leituras.

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