Marcos de Quinto
Ella me vigila
Hace rato que finjo no darme cuenta
pero siento cómo sus ojos recorren todos mis gestos
inventando historias inexistentes
De vez en cuando la acaricio
para volver a esconder enseguida mi mirada
en algún rincón oscuro de la habitación
Como si temiera hacerle daño
Ella, como un cachorro indefenso, nada pregunta
Se limita a anunciarme todo su miedo
a través del silencio
Quisiera decirle
que me gustaría quererla
y no pensar en nada más allá de estas paredes
Quisiera explicarle
que afuera la guerra ruge
y que quisiera quitarme todo de encima
para volver a erguirme
sonriente, fuerte y seguro
en este mismo instante en que su llanto me atrapa
Ela me vigia
Faz tempo que finjo dar
conta
porém sinto como seus
olhos percorrem todos os meus gestos
inventando histórias
inexistentes
De vez em quando a
acaricio
para voltar a esconder em
seguida meu olhar
em algum canto escuro da casa
Como se temesse fazer-lhe
dano
Ela, como um cachorrinho
indefeso, nada pergunta
Se limita a anunciar-me
todo o seu medo
através do silêncio
Quisera dizer-lhe
que eu gostaria de querê-la
e não pensar em nada além
destas paredes
Quisera explicar-lhe
que lá fora a guerra ruge
e quisera tirar tudo das
minhas costas
para voltar a erguer-me
sorridente, forte e
confiante
neste mesmo instante em
que seu pranto me segura
Ilustração: Área Vip.
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