Saturday, September 07, 2024

Uma poesia de Marcos de Quinto

 


Marcos de Quinto

Ella me vigila

Hace rato que finjo no darme cuenta

pero siento cómo sus ojos recorren todos mis gestos

inventando historias inexistentes

 

De vez en cuando la acaricio

para volver a esconder enseguida mi mirada

en algún rincón oscuro de la habitación

Como si temiera hacerle daño

 

Ella, como un cachorro indefenso, nada pregunta

Se limita a anunciarme todo su miedo

a través del silencio

 

Quisiera decirle

que me gustaría quererla

y no pensar en nada más allá de estas paredes

Quisiera explicarle

que afuera la guerra ruge

y que quisiera quitarme todo de encima

para volver a erguirme

sonriente, fuerte y seguro

en este mismo instante en que su llanto me atrapa

Ela me vigia

Faz tempo que finjo dar conta

porém sinto como seus olhos percorrem todos os meus gestos

inventando histórias inexistentes

 

De vez em quando a acaricio

para voltar a esconder em seguida meu olhar

em algum canto escuro da casa

Como se temesse fazer-lhe dano

 

Ela, como um cachorrinho indefeso, nada pergunta

Se limita a anunciar-me todo o seu medo

através do silêncio

 

Quisera dizer-lhe

que eu gostaria de querê-la

e não pensar em nada além destas paredes

Quisera explicar-lhe

que lá fora a guerra ruge

e quisera tirar tudo das minhas costas

para voltar a erguer-me

sorridente, forte e confiante

neste mesmo instante em que seu pranto me segura

Ilustração: Área Vip.

No comments: