XXVI
SED NON SATIATA
Charles Baudelaire
Bizarre déité, brune comme les nuits,
Au parfum mélangé de musc et de havane,
Oeuvre de quelque obi, le Faust de la savane,
Sorcière au flanc d’ébène, enfant des noirs minuits,
Je préfère au constance, à l’opium, au nuits,
L’élixir de ta bouche où l’amour se pavane;
Quand vers toi mes désirs partent en caravane,
Tes yeux sont la citerne où boivent mes ennuis.
Par ces deux grands yeux noirs, soupiraux de ton âme,
Ô démon sans pitié! verse-moi moins de flamme;
Je ne suis pas le Styx pour t’embrasser neuf fois,
Hélas! et je ne puis, Mégère libertine,
Pour briser ton courage et te mettre aux abois,
Dans l’enfer de ton lit devenir Proserpine!
XXVI
SED NON SATIATA
Estranha divindade,
marrom como as noites,
Com um aroma misto de
almíscar e Havana,
Obra de algum obi, o
Fausto da savana,
Feiticeira com ventre de
ébano, filha da negra meia-noite,
Eu prefiro a constância,
o ópio, as noites,
O elixir da tua boca onde
o amor se ufana;
Quando a ti meus desejos
partem em caravana,
Teus olhos são a cisterna
onde bebo meus açoites.
Por teus dois grandes
olhos negros, suspira tua alma,
Ó demônio impiedoso! Despeje-me
menos chama;
Eu não sou o Estige para nove
vezes te abraçar,
Aí de mim! E eu não tenho
poder, megera libertina,
Para quebrar tua coragem
e te controlar,
No inferno do teu leito a
virar Prosérpina!
Ilustração: WordPress.
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