Wednesday, September 25, 2024

Charles, sempre Baudelaire

 


XXVI
SED NON SATIATA

Charles Baudelaire
Bizarre déité, brune comme les nuits,
Au parfum mélangé de musc et de havane,
Oeuvre de quelque obi, le Faust de la savane,
Sorcière au flanc d’ébène, enfant des noirs minuits,
Je préfère au constance, à l’opium, au nuits,
L’élixir de ta bouche où l’amour se pavane;
Quand vers toi mes désirs partent en caravane,
Tes yeux sont la citerne où boivent mes ennuis.
Par ces deux grands yeux noirs, soupiraux de ton âme,
Ô démon sans pitié! verse-moi moins de flamme;
Je ne suis pas le Styx pour t’embrasser neuf fois,
Hélas! et je ne puis, Mégère libertine,
Pour briser ton courage et te mettre aux abois,
Dans l’enfer de ton lit devenir Proserpine!

XXVI
SED NON SATIATA

Estranha divindade, marrom como as noites,

Com um aroma misto de almíscar e Havana,

Obra de algum obi, o Fausto da savana,

Feiticeira com ventre de ébano, filha da negra meia-noite,

Eu prefiro a constância, o ópio, as noites,

O elixir da tua boca onde o amor se ufana;

Quando a ti meus desejos partem em caravana,

Teus olhos são a cisterna onde bebo meus açoites.

Por teus dois grandes olhos negros, suspira tua alma,

Ó demônio impiedoso! Despeje-me menos chama;

Eu não sou o Estige para nove vezes te abraçar,

Aí de mim! E eu não tenho poder, megera libertina,

Para quebrar tua coragem e te controlar,

No inferno do teu leito a virar Prosérpina!

Ilustração: WordPress.

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