BIG CLOCK
Li-Young Lee
When the big clock
at the train station stoepped,
the leaves kept falling,
the trains kept running,
my mother’s hair kept growing longer and blacker,
and my father’s body kept filling up with time.
I can’t see the year on the station’s calendar.
We slept under the stopped hands of the clock
until morning, when a man entered carrying a ladder.
He climbed up to the clock’s face and opened it with a key.
No one but he knew what he saw.
Below him, the mortal faces went on passing
toward all compass points.
People went on crossing borders,
buying tickets in one time zone and setting foot in another.
Crossing thresholds: sleep to waking and back,
waiting room to moving train and back,
war zone to safe zone and back.
Crossing between gain and loss:
learning new words for the world and the things in it.
Forgetting old words for the heart and the things in it.
And collecting words in a different language
for those three primary colors:
staying, leaving, and returning.
And only the man at the top of the ladder
understood what he saw behind the face
which was neither smiling nor frowning.
And my father’s body went on filling up with death
until it reached the highest etched mark
of his eyes and spilled into mine.
And my mother’s hair goes on
never reaching the earth.
O GRANDE RELÓGIO
Quando o grande relógio
da estação de trem parou,
as folhas continuaram
caindo,
os trens continuaram
funcionando,
o cabelo da minha mãe
continuou crescendo mais e mais preto,
e o corpo do meu pai
continuou se enchendo de tempo.
Não consigo ver o ano no
calendário da estação.
Dormimos sob os ponteiros
parados do relógio
até de manhã, quando um
homem entrou carregando uma escada.
Ele subiu até o mostrador
do relógio e o abriu com uma chave.
Ninguém além dele sabia o
que ele viu.
Abaixo dele, os rostos
mortais continuaram passando
em direção a todos os
pontos cardeais.
As pessoas continuaram
cruzando fronteiras,
comprando passagens em um
fuso horário e pisando em outro.
Atravessando limites: do
sono para a vigília e de volta,
sala de espera para o
trem em movimento e de volta,
zona de guerra para zona
segura e de volta.
Atravessando entre ganho
e perda:
aprendendo novas palavras
para o mundo e as coisas nele.
Esquecendo velhas palavras
para o coração e as coisas nele.
E coletando palavras em
uma língua diferente
para essas três cores
primárias:
ficar, sair e retornar.
E somente o homem no topo
da escada
entendeu o que viu por
trás do rosto
que não estava nem
sorrindo nem franzindo a testa.
E o corpo do meu pai
continuou se enchendo de morte
até atingir a marca mais
alta gravada
dos seus olhos e derramar
nos meus.
E o cabelo da minha mãe
continuou a crescer
nunca atingindo a terra.
Ilustração: Freepik.
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