Saturday, May 28, 2016

ATÉ A MODA ME INCOMODA



O sono não vem.                                                        
Dormir, em vão, tento.
Durmo de cansado
e me vejo acordado:
o sonho me perturba.
Não me contento.
Produtos, experiências, eventos,
músicas, notícias, o silêncio
tudo me incomoda.
Ainda mais reclamo
do tempo que se vai
da estranha ambivalência
da vida e da morte
do que considero pouca sorte.
Da tua ausência,
da qual sou culpado,
e de tudo me parecer muito errado.
Todo corpo tem prazo de validade sei..
e o meu dá sinais de ansiedade, 
de desejos de novidades, 
de procurar rotas de fugas,
como se fosse possível criar outras fases. 
Entre milhares de outras frases
que esqueci,
que esquecerei,
relembro Freud que disse
“somos feitos de carne,
Mas, temos de viver
como se fôssemos de ferro”.
Se na citação não erro,
nas imagens, na aliteração, no dizer,
na musicalidade posso escorregar.
Não sou, como Alexander McQueen,
um estilista, nem dito moda
ou faço de esqueletos conteúdos.
Sou poeta, melhor dizendo fui poeta.
E, hoje, faço versos toscos, quase mudos,
talvez, para tentar provar
que não devem me enterrar,
quando nem sei para que vivo,
e para reclamar de tudo
acho motivo. 

Foto: Tim Walker

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