Sunday, May 08, 2016

Outra poesia de Antonio Colinas

 
El labirinto invisible                                                        
Antonio Colinas

Para el que sabe ver
siempre habrá al final del labirinto
de la vida
una puerta de oro.
Si la atraviesas hallarás un pátio
con musgo, empedrado,
y en él dos cedros opulentos com
sus pájaros dormidos.
(No encontrarás ya aquí la música de Orfeo,
sino sólo silencio.)
Cruza el patio, verás luego otra puerta.
Ábrela.
Ya dentro, en la penumbra,
verás un muro
y, en él, unas palabras muy borrosas
de cuya sencillez brota una luz
que, lenta, pasa a ti y te devuelve
al fin la  libertad,
la plenitud de ser:
“Sean siempre alabadas
las palabras dulcíssimas
que sanan: paz y bien”.
Después, ya en soledad profunda,
verás que te hallas frente a otra puerta
que aún no puedes abrir,
porque no es el momento:
la que quizá te lleve a otro laberinto,
al laberinto último, invisible.
¿De él habrá salida?
(Sólo queda esperar,
esperar al amparo seguro
de esas letras borrosas
que sanan.)

O labirinto invisível

Para o que sabe ver
sempre haverá ao final do labirinto
da vida
uma porta de ouro.
Se a atravessas acharás um pátio
com musgo, empedrado,
e os cedros opulentos com
seus pássaros dormidos.
(Não encontrarás já aqui a música de Orfeu,
sim só o silêncio.)
Cruza o pátio, verás logo outra porta.
Abri-a.
Lá dentro, na penumbra,
verás um muro,
e, nele, umas palavras muito borradas
de cuja simplicidade brota uma luz
que lenta passa por ti e te devolve
ao fim a liberdade,
a plenitude do ser:
“Sejam sempre louvadas
as palavras dulcíssimas
que curam: paz e bem”.
Depois, na solidão profunda,
verás que te achas em frente de outra porta
que ainda não podes abrir,
porque não é o momento:
a que, quem sabe, te leve a outro labirinto,
ao labirinto último, invisível.
Dele haverá saída?
(Só resta esperar,
esperar ao amparo seguro
destas letras borradas
que curam.)


Ilustração: aldobarreto.wordpress.com

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