Sunday, May 29, 2016

Uma poesia de Mallarmé

 
Tombeau d’Edgar Poe

Stéphane Mallarmé

Tel qu’em Lui-même enfin l’éternité le change,
Le Poète suscite avec um glaive nu
Son siècle épouvanté de n’avoir pás connu
Que la mort triomphait dans cette voix étrange!

Eux, comme un vil sursaut d’hydre oyant jadis l’ange
Donner uns sens plus pur aux mots de la tribu
Proclamèrent très haut le sortilège bu
Dans le flot sans honneur de quelque noir mélange.

Du sol et de la nue hostiles, ô grief!
Si notre idée avec ne sculpte um barelief
Dont la tombe de Poe éblouissante s’orne,

Calme bloc ici-bas Chu d’um désastre obscur
Que ce granit du moins montre à jamais sa borne
Aux noirs vols du Blasphème épars dans le futur.

O túmulo de Edgar Poe

Tal qual em si mesmo, enfim, a eternidade o toca,
O poeta suscita com um escudo erguido
Seu século apavorado por não ter ouvido
Que a morte triunfava em sua voz exótica.

Eles, num vil sobressalto, como de uma hidra impura
Deram o mais puro sentido ao verbo da tribo
Proclamando muito alto ao sortilégio bebido
Na enchente sem honra de qualquer negra mistura.

Do chão e das nuvens hostis, oh! Amargura!
Se nossa ideia não gera o relevo de uma escultura
Com o qual se orne, de Poe, a tumba deslumbrante,

Calmo bloco caído de algum desastre escuro,
Que este granito, ao menos, torne intermitente
os voos que a blasfêmia esparsa no futuro.


Ilustração: jornalpatropi.blogspot.com

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