Wednesday, May 15, 2019

Outra poesia de Ana Blandiana




Un tempo gli alberi avevano occhi

Ana Blandiana

Un tempo gli alberi avevano occhi,
posso giurarlo,
so di certo
che vedevo quando ero albero,
ricordo che mi stupivano
le strane ali degli uccelli
che mi sfrecciavano davanti,
ma se gli uccelli sospettassero
i miei occhi,
questo non lo ricordo più.
Invano ora cerco gli occhi degli alberi.
Forse non li vedo
Perché albero non sono più,
o forse sono scivolati lungo le radici nella terra,
o forse,
chissà,
solo a me m’era parso
e gli alberi sono ciechi da sempre
Ma allora perché
Quando mi avvicino
Sento che
Mi seguono con gli sguardi,
in un modo che conosco,
perché, quando stormiscono e occhieggiano
con le loro mille palpebre,
ho voglia di gridare
Cosa avete visto?…

ERA UM TEMPO ONDE AS ÁRVORES TINHAM OLHOS

Era um tempo em que as árvores tinham olhos,
posso jurar
tenho certeza
que vi quando era uma árvore
recordo que me surpreenderam
as estranhas asas dos pássaros
que passaram por mim,
mas, se as aves suspeitavam
de meus olhos
não recordo mais.
Em vão busco os olhos das árvores agora.
Talvez não os veja
Porque não sou árvore mais
ou talvez tenham escorregado ao longo das raízes para a terra,
ou talvez
quem sabe,
só a mim pareceu
e as árvores foram cegas sempre
Mas, então porque
Quando me aproximo
sinto que
me seguem com olhares,
de um jeito que sei
porque, quando elas sussurram e espreitam
com suas mil pálpebras,
desejo gritar
que coisa avistou?

Ilustração: A Viagem dos Argonautas- Com pintura de Maria Keil.

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