Un
tempo gli alberi avevano occhi
Ana
Blandiana
Un
tempo gli alberi avevano occhi,
posso
giurarlo,
so
di certo
che
vedevo quando ero albero,
ricordo
che mi stupivano
le
strane ali degli uccelli
che
mi sfrecciavano davanti,
ma
se gli uccelli sospettassero
i
miei occhi,
questo
non lo ricordo più.
Invano
ora cerco gli occhi degli alberi.
Forse
non li vedo
Perché
albero non sono più,
o
forse sono scivolati lungo le radici nella terra,
o
forse,
chissà,
solo
a me m’era parso
e
gli alberi sono ciechi da sempre
Ma
allora perché
Quando
mi avvicino
Sento
che
Mi
seguono con gli sguardi,
in
un modo che conosco,
perché,
quando stormiscono e occhieggiano
con
le loro mille palpebre,
ho
voglia di gridare
Cosa
avete visto?…
ERA UM TEMPO ONDE AS ÁRVORES TINHAM
OLHOS
Era
um tempo em que as árvores tinham olhos,
posso
jurar
tenho
certeza
que
vi quando era uma árvore
recordo
que me surpreenderam
as
estranhas asas dos pássaros
que
passaram por mim,
mas,
se as aves suspeitavam
de
meus olhos
não
recordo mais.
Em
vão busco os olhos das árvores agora.
Talvez
não os veja
Porque
não sou árvore mais
ou
talvez tenham escorregado ao longo das raízes para a terra,
ou
talvez
quem
sabe,
só
a mim pareceu
e
as árvores foram cegas sempre
Mas,
então porque
Quando
me aproximo
sinto
que
me
seguem com olhares,
de
um jeito que sei
porque,
quando elas sussurram e espreitam
com
suas mil pálpebras,
desejo
gritar
que
coisa avistou?
Ilustração:
A Viagem dos Argonautas- Com pintura de Maria
Keil.
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