Tuesday, July 27, 2021

Uma poesia de Pere Gimferrer

 


ELEGÍA

Pere Gimferrer

Morir serenamente como nunca he vivido

y ver pasar los coches como en una pantalla

y las canciones lentas de Nat King Cole

un saxofón un piano los atardeceres en las terrazas bajo los

                     parasoles

esta vida que nunca llegué a interpretar

el viento en los pasillos las ventanas abiertas todo es blanco

                     como en una clínica

todo disuelto como una cápsula de cianuro en la oscuridad

Se proyectan diapositivas con mi historia

entre el pesado olor del cloroformo

Bajo la niebla del quirófano extrañas aves de colores anidan

 

ELEGIA

 

Morrer serenamente como nunca vivi

e ver passar os coches como em uma tela

e as canções lentas de Nat King Cole

um saxofone, um piano, o pôr do sol nos terraços sob o

                      guarda-sóis

esta vida que nunca consegui interpretar

o vento nos corredores as janelas abertas tudo é branco

                      como numa clínica

tudo dissolvido como uma cápsula de cianeto na escuridão

Se projetam imagens mostrando minha história

entre o forte cheiro de clorofórmio

Sob a névoa da sala de cirurgia, estranhos pássaros coloridos

Ilustração: http://www.catolicosribeiraopreto.com/quanto-e-doce-a-morte-do-justo/.

 

 

 

 

No comments: