HORMIGAS
Ramón
López Velarde
A
la cálida vida que transcurre canora
Con
garbo de mujer sin letras ni antifaces,
A
la invicta belleza que salva y que enamora,
Responde,
en la embriaguez de la encantada hora,
Un
encono de hormigas en mis venas voraces.
Fustigan
el desmán el perenne hormigueo
el
pozo del silencio y el enjambre del ruido,
la
harina rebanada como doble trofeo
en
los fértiles bustos, el Infierno en que creo,
el
estertor final y el preludio del nido.
Mas
luego mis hormigas me negarán su abrazo
y
han de huir de mis pobres y trabajados dedos
cual
se olvida en la arena un gélido bagazo;
y
tu boca, que es cifra de eróticos denuedos,
tu
boca, que es mi rúbrica, mi manjar y mi adorno,
tu
boca, en que la lengua vibra asomada al mundo
como
réproba llama saliéndose de un horno,
en
una turbia fecha de cierzo gemebundo
en
que ronde la luna porque robarte quiera,
ha
de oler a sudario y a hierba machacada,
a
droga y a responso, a pabilo y a cera.
Antes
de que deserten mis hormigas, Amada,
déjalas
caminar camino de tu boca
a
que apuren los viáticos del sanguinario fruto
que
desde sarracenos oasis me provoca.
Antes
de que tus labios mueran, para mi luto,
dámelos
en el crítico umbral del cementerio
como
perfume y pan y tósigo y cauterio.
FORMIGAS
A
cálida vida que passa melodiosa
Com
a graça de uma mulher sem letras ou máscaras,
Para
a beleza imbatível que salva e que enamora,
Parece,
na embriaguez, de encantada hora,
Uma
fúria de formigas nas veias vorazes.
Fustigam
ou ultrajam o perene formigueiro
o
poço do silêncio e o enxame do ruído,
a
fatia de farinha como troféu duplo
nos
férteis bustos, o inferno em que creio,
o
estertor final e o prelúdio para o ninho.
Mas,
logo, minhas formigas me negarão seu abraço
e
hão de fugir dos meus trabalhados e pobres dedos
qual
se esquece na areia um bagaço gelado;
e
tua boca, que é uma figura de esforços eróticos,
tua
boca, que é minha assinatura, meu manjar e meu adorno,
tua
boca, em que a língua vibra, inclinada para o mundo
como
uma reprovável chama salientando-se de
um forno,
numa
turva data de um vento sombrio
onde
a lua vagueia porque quero roubar-te,
há
de cheirar a sudário e a erva machucada,
a
droga, a réquiem, pavio e cera.
Antes
que desertem, minhas formigas, amadas,
deixo-as
caminhar até tua boca
para
que apurem as necessidades do sanguinário fruto
que
desde sarraceno oásis me provoca.
Antes
que teus lábios morram, meu luto,
oferto-os,
no limite crítico do cemitério,
como
perfume e pão e veneno e cautério.
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