Thursday, December 28, 2017

Uma poesia de Michael Sharkey


The Paradise Flick 

Michael Sharkey

How do we know Eve and Adam were happy,
deprived, as they were, of a childhood?

Eve never knew, unlike Adam, a world
that was free of the chatter of others.’

How did she cope? And how could she choose,
if she’d wanted, to live by herself?

What did the man eat that made him hear voices,
while Eve was inventing frustration?

Where could she go for a break from the sound
of Himself, in his skin suit, like Tarzan,

assuring the bush that he’d just given birth to a woman?
Did she smile at the fool, or remind him that he was

asleep when she turned up and found him?
Where could she go to be shot of his need for a mother?

(A pity she woke him.)
Life for them both was a training film shown in real time,

on the zen of zoo-keeping.
When the encyclopedia seller arrived, who could blame her for buying?

No exit pollster asked how she felt
when she left at the end of the movie.

O ESTALIDO DO PARAÍSO

Como sabemos que Eva e Adão estavam felizes,
Privados, como foram,  de uma infância?

Eva nunca soube, ao contrário de Adam, que o mundo
estava livre da chateação dos outros.

Como ela podia? E como poderia escolher,
se quisesse, viver sozinha?

O que o homem comeu, o que o fez ouvir vozes,
enquanto Eva estava inventando a frustração?

Onde poderia ir para dar uma pausa do som
de si mesma, em seu casaco de pele, como Tarzan,

assegurando o arbusto que tinha justo acabado de dar à luz uma mulher?
Ela sorriu como um tolo, ou lembrou-lhe que ele estava

adormecido quando ela apareceu e encontrou-o?
Onde poderia se chocar com a necessidade de ter uma mãe?

(Uma pena que ela o tenha acordado).
A vida para ambos era o treino de um filme mostrado em tempo real,

num zoológico zen.
Quando chegou o vendedor da enciclopédia, quem poderia culpá-la por comprar?

Nenhum pesquisador perguntou como se sentia
quando ela saiu no fim do filme.

Ilustração: JW.org. 

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