Thursday, August 20, 2020

Uma poesia de Isidore Ducasse


Les Chants de Maldoror -Chant Premier II-

 Comte de Lautréamont (Isidore Ducasse)

 II

Lecteur, c'est peut-être la haine que tu veux que j'invoque dans le commencement de cet ouvrage! Qui te dit que tu n'en renifleras pas, baigné dans d'innombrables voluptés, tant que tu voudras, avec tes narines orgueilleuses, larges et maigres, en te renversant de ventre, pareil à un requin, dans l'air beau et noir, comme si tu comprenais l'importance de cet acte et l'importance non moindre de ton appétit légitime, lentement et majestueusement, les rouges émanations? Je t'assure, elles réjouiront les deux trous informes de ton museau hideux, ô monstre, si toutefois tu t'appliques auparavant à respirer trois mille fois de suite la conscience maudite de l'Éternel! Tes narines, qui seront démesurément dilatées de contentement ineffable, d'extase immobile, ne demanderont pas quelque chose de meilleur à l'espace, devenu embaumé comme de parfums et d'encens; car, elles seront rassasiées d'un bonheur complet, comme les anges qui habitent dans la magnificence et la paix des agréables cieux.

As Canções de Maldoror -Canto  Primeiro II-

 II

Leitor, talvez desejes que invoque o ódio no começo desta obra! Quem te disse que não hás de sentir o seu olfato, banhado em inúmeros prazeres, tanto quanto quiseres, com suas narinas orgulhosas, largas e finas, balançando  teu ventre, semelhante a um tubarão, no ar formoso e negro?, como se compreendesses a importância deste ato e a importância não menor de teu  legítimo apetite, lenta e majestosamente, as emanações vermelhas? Te asseguro, que os dois buracos disformes do teu hediondo focinho, ó monstro, irão se regozijar se te dispores de antemão  a respirar três mil vezes seguidas a maldita consciência do Eterno! Tuas narinas, que serão incomensuravelmente dilatadas com satisfação inefável, êxtase imóvel, não pedirão outra coisa ao espaço, embalsamado de perfumes e incenso; pois estarão satisfeitos com a felicidade completa, como os anjos que habitam na magnificência e na paz dos céus agradáveis.

 Ilustração: https://felicidadesustentavel.com.br/.

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