COMO
WALCOTT
Mario
Montalbetti
Escribo a mano con un lápiz Mongol No.2 mal afilado
apoyando hojas de papel sobre mis rodillas.
Ésa es mi poética: escribir con lápiz es mi poética.
Si alguien pregunta como quién quiero escribir
respondo “como Walcott”. Ésa también es mi poética.
También, esperar a que ella me muerda el cuello
para comenzar a escribir es mi poética. La oscuridad
del mar,
lleno de pliegues, es mi poética. Ella pregunta como
quién
quiero escribir
y yo respondo “no sé, como Walcott”. O más bien
mi poética es di algo visceral de una buena vez,
como en la ópera, sin esperar que ocurra una muerte
especialmente interesante al final: es mi poética.
Lo del lápiz mal afilado es indispensable para mi
poética.
Sólo así quedan marcas en las hojas de papel
una vez que las letras se borran y las palabras ya no
se entienden o han pasado de moda o cualquier otra
cosa.
COMO
WALCOTT
Escrevo à mão com um lápis mongol nº 2 mal apontado
apoiando folhas de papel sobre meus joelhos.
Essa é a minha poética: escrever a lápis é a minha
poética.
Se alguém perguntar como quero escrever
respondo "como Walcott". Essa também é a
minha poética.
Também esperar que ela me morda o pescoço
para começar a escrever é a minha poética. A escuridão
do mar
cheia de dobras, é a minha poética. Ela pergunta como
quem
quero escrever
e eu respondo "Não sei, como Walcott". Ou
melhor
minha poética é dizer algo visceral de uma só vez,
como na ópera, sem esperar que ocorra uma morte
especialmente interessante no final: é a minha
poética.
O lápis mal apontado é essencial para minha poética.
Só assim ficam marcas nas folhas de papel
uma vez que as letras são apagadas e as palavras já
não
se entendem ou saíram de moda ou qualquer outra coisa.
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