Chanson
de l’étranger
Edmond Jabès
Je suis à la recherche d’un homme que je ne connais pas,
qui
jamais ne fut tant moi-même
que
depuis que je le cherche. A-t-il mes yeux, mes mains
et
toutes ces pensées pareilles
aux
épaves de ce temps?
Saison
des mille naufrages,
la
mer cesse d’être la mer,
devenue
l’eau glacée des tombes.
Mais,
plus loin, qui sait plus loin?
Une
fillette chante à reculons et règne la nuit sur les arbres,
bergère
au milieu des moutons.
Arrachez
la soif au grain de sel
qu’aucune
boisson ne désaltère.
Avec
les pierres, un monde se ronge
d’être,
comme moi, de nulle part.
CANÇÃO DO ESTRANGEIRO
Eu estou procurando um homem que não
conheço,
que jamais foi como eu-mesmo
quanto depois que o procuro. Tem meus
olhos, minhas mãos
e todos os pensamentos semelhantes
aos destroços do tempo?
Época dos mil naufrágios,
o mar cessa de ser mar,
tornando-se a água gelada dos túmulos.
Mas, mais tarde, quem sabe mais tarde?
Uma menina canta recuando e a noite
reina sobre as árvores,
pastora em meio das ovelhas.
Arrancai ao grão de sal a sede
que bebida alguma há de alterar.
Com as pedras, um mundo se tortura
de ser, como eu, de parte alguma.
Ilustração: https://freetorrents.tech.
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