São esses dias longos, isolados, sem começo nem fim. Como se fossem fios de borrachas esticados em que não sei que dia é ou que horas são, que os recebo em oração. Neles escuto atento todas as canções que embalaram o nosso amor nas mudanças de estações. Sei que a pandemia é um grande mal, um tempo de dor, doença e morte, porém, embora a muitos não conforte, assuste, amedronte, não é o meu caso. Olho o mundo pela janela, uso a máscara como se fosse uma tela provisória, um desconforto passageiro. O que, agora, nos maltrata como uma recordação da fragilidade humana é a prova real de que a vaidade engana. Não tenho, porém, nenhuma dó de mim por estar solitário assim. Este tempo de sofrimento é como se fosse uma antecipação do prazer. É como o calor enorme antes da chuva. É do rio a curva quando se dobra para o grande e imenso mar onde há de se encontrar o sal do amor, da beleza, do prazer. É a grande provação antes de cair, por fim, nos carinhos dos teus braços.
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