Monday, October 19, 2020

E, com vocês, Tristan Corbière

 

PARIS DIURNE

Tristan Corbière           

Vois aux cieux le grand rond de cuivre rouge luire,
Immense casserole où le bon Dieu fait cuire 
La manne, l'arlequin, l'éternel plat du jour:
C'est trempé de sueur et c'est trempé d'amour.
Les Laridons en cercle attendent près du four, 
On entend vaguement la chair rance bruire, 
Et les soiffards aussi sont là, tendant leur buire; 
Le marmiteux grelotte en attendant son tour.
Crois-tu que le soleil frit donc pour tout le monde 
Ces gras graillons grouillants qu'un torrent d'or inonde? 
Non, le bouillon de chien tombe sur nous du ciel.
Eux sont sous le rayon et nous sous la gouttière.
A nous le pot au noir qui froidit sans lumière.
Notre substance à nous, c'est notre poche à fiel.

PARIS DE DIA

Ver nos céus o grande círculo de cobre vermelho a brilhar,

Imensa caçarola onde o bom Deus faz cozinhar

O maná, o arlequim, o prato eterno do dia:

Está molhado de suor e molhado de amor.

Os cachorros em um círculo aguardam perto do forno,

Ouve-se vagamente a carne rançosa,

E os sedentos também estão lá, segurando sua bebida;

Os miseráveis estremecem esperando sua vez.

Crês que o sol está fritando todo mundo

como gorduras férvidas que uma torrente de ouro inunda?

Não, o caldo do cão está cai sobre nós do céu.

Eles estão embaixo da prateleira e nós na sarjeta.

Para nós a desventura sem nenhuma luz.

Nossa própria substância é nosso saco de fel.

Ilustração: https://www.youtube.com/.

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