EL DURMIENTE
::::A
veces dormías y yo estaba como nunca sola. Odiando tu
::::respiración,
el roce de tu mano sobre mis piernas, el espacio
::::en
que se había dormido tu deseo. Ya no te importaba mi
::::carne
ni esa soledad ni ese reclamo. Abandonabas el peso
::::de
tu cuerpo sobre las sábanas, dejabas que cayera todo, yo
::::caía
también. Estaba dentro de un sueño ajeno, ya no era mía
::::mi
respiración ni mi sangre era mi sangre. Yo era el miedo.
::::Nadie
me escuchó llorar. Nadie se dio cuenta del frío. No hubo
::::manera
de evitar esa caída. Nadie pudo despertarte.
O DORMINHOCO
As
vezes dormias e eu estava como nunca só. Odiando tua
respiração,
o roçar de tua mão sobre a minhas pernas, o espaço
em
que havia dormido o teu desejo. Já não te importava minha carne
nem
essa solidão nem essa reclamação. Abandonavas o peso
de
teu corpo sobre os lençóis, deixavas que caísse todo, eu
caia também. Estava dentro de um sonho alheio, já não era mais meu nem
minha
respiração nem meu sangue era meu. Eu era o medo.
Ninguém me escutou chorar. Ninguém se deu conta do frio. Não houve
maneira de evitar
esta queda. Ninguém pode te despertar.
Ilustração: Pinterest.
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