Tuesday, May 10, 2022

SONHO EM TEMPO DE CORONAVÍRUS

 


Uma variante do Soneto XVII de Pablo Neruda em tempos de Covid-19

Não te amo como se fosses uma rosa imortal

ou buquê de cravos que destilam fogo:

amo-te como se ama o que é essencial,

secretamente, na solidão em que rogo.

 

Te amo como um ser que neste tempo de treva

traz dentro de si, oculto o desejo de amores,

e graças ao teu amor tem a esperança viva

que passará, este tempo difícil, com suas dores.

 

Te amo, mascarado à força, sem ter tua presença,

em vídeo, te amo, com distanciamento social:

te amo porque não tenho opção ou outra maneira,

 

senão a de te amar neste modo lembrança

tão perto e tão longe, mas de modo tão especial-

um sonho amargo e doce, que parece brincadeira.

Ilustração: Superinteressante.

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