Uma variante do Soneto XVII de Pablo Neruda em tempos de Covid-19
Não te amo como se fosses uma rosa imortal
ou buquê de cravos que destilam fogo:
amo-te como se ama o que é essencial,
secretamente, na solidão em que rogo.
Te amo como um ser que neste tempo de treva
traz dentro de si, oculto o desejo de amores,
e graças ao teu amor tem a esperança viva
que passará, este tempo difícil, com suas dores.
Te amo, mascarado à força, sem ter tua presença,
em vídeo, te amo, com distanciamento social:
te amo porque não tenho opção ou outra maneira,
senão a de te amar neste modo lembrança
tão perto e tão longe, mas de modo tão especial-
um sonho amargo e doce, que parece brincadeira.
Ilustração: Superinteressante.
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