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EM NOSSO CANTO DA CRIAÇÃO DO
MUNDO
Em nosso canto da criação do
mundo
onde nosso começo, fim e
existência continuada vivem
onde nossos parentes além de nós
mesmos, mais do que nós mesmos, nasceram
onde cada coral, marisco, planta
e animal nasceu
nas profundezas do pó
onde a agitação da terra cria
vida—
transforma terra quente em
mo'okū'auhau
onde descemos de pó
onde cantamos para relembrar os
nomes
de todos os parentes que vieram
antes
onde nos relembramos de la'ila'i
onde nos relembramos de kāne e
ki'i
onde nos relembramos de papai,
wākea e hoʻohōkūkalani
onde relembramos
hāloanakalaukapalili e hāloa
onde nos relembramos de Haumea e
suas multidões
onde relembramos outras histórias
de criação do nosso povo
em nosso canto da criação do
mundo
onde relembramos o poder na
genealogia
onde utilizamos a impressão para
capacitar
e reforçar a importância da
linguagem
onde defendemos nossa humanidade
com tradução
e no rescaldo de uma doença
insidiosa se espalhando
ainda tentamos relembrar o pó de
onde viemos
e o pó para onde estamos indo
em nosso canto da criação do
mundo
gerações perdidas sangraram para
lembrar
qual era o gosto da nossa língua
como cada vogal e consoante sentia
em nossa língua
gerações perdidas sangraram para
sentir
o poder em nomes e ancestrais e
parentes
sangraram para curar o trauma que
a colonização criou
nós sangramos para relembrar
em nosso canto da criação do
mundo
gerações deslocadas e
desconectadas
choram cada linha em sonhos
e, por fim, relembraremos nossas
origens
Ilustração: Wemistic.
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