Friday, July 31, 2020

Outra poesia de Gertrudis Gómez de Avellaneda


LAS CONTRADICIONES                               


Gertrudis Gómez de Avellaneda (Tula)

No encuentro paz, ni me permiten guerra;
De fuego devorado, sufro el frío;
Abrazo un mundo, y quédome vacío;
Me lanzo al cielo, y préndeme la tierra.
Ni libre soy, ni la prisión me encierra;
Veo sin luz, sin voz hablar ansío;
Temo sin esperar, sin placer río;
Nada me da valor, nada me aterra.
Busco el peligro cuando auxilio imploro;
Al sentirme morir me encuentro fuerte;
Valiente pienso ser, y débil lloro.
Cúmplese así mi extraordinaria suerte;
Siempre a los pies de la beldad que adoro,
Y no quiere mi vida ni mi muerte.

AS CONTRADIÇÕES

Não encontro paz, nem me permitem guerra;

De fogo devorado, sofro frio;

Abraço um mundo, e quedo-me vazio.

Me lanço ao céu, e prende-me a terra;

Nem livre sou, nem a prisão me encerra;

Vejo sem luz, sem voz falar anseio;

Temo sem esperar, sem prazer rio;

Nada me dá valor, nada me aterra.

Busco o perigo, quando auxílio imploro;

Ao sentir-me morrer me encontro forte.

Valente penso ser, e débil choro.

Cumpre-se assim minha extraordinária sorte;

Sempre aos pés da beldade que adoro,

E não quero minha vida nem minha morte.

Ilustração: Youtube.


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