Saturday, April 18, 2020

De um isolamento para outro





Há muitas coisas bobas que podemos fazer sozinhos.
Nas longas noites, sem sono, contar carneirinhos,
Pensar que poderia ter nascido no Nepal ou na Patagônia;
ser um plantador de tulipas ou de begônias,
quem sabe, em outra vida, ter sido japonês, malaio ou cigano,
mas, não! Me pego, me vejo, um velho sul-americano,
com tantos sonhos ainda de aventuras,
e fazendo juras de amor de distante
como se, nas artes da vida, fosse iniciante.
Protesto, no Facebook, no Whatsapp, nos e-mails
contra o isolamento prolongado, que receio,
pode se estender muito além do outono.
E nada de aparecer o sono.
Nem penso em ligar para ti.
Deves dormir no teu sono justo,
depois de um ou dois copos de álcool,
de ter visto televisão ou, ao custo,
de ter feito, o que não faço,
ter falado com Deus e o mundo,
por este maldito celular,
que não pensas em largar.
Quando este isolamento passar,
tu podes esperar,
do teu lado, jogarei fora,
qualquer coisa que separe nós dois,
assim, iremos tratar do nosso feijão com arroz,
e passar de um isolamento sozinho,
para o isolamento de teus braços-
com uma multidão de beijos, abraços e carinhos!


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