A UN GATO
No son más silenciosos los espejos
Ni más furtiva el alba aventurera;
Eres, bajo la luna, esa pantera
Que nos es dado divisar de lejos.
Por obra indescifrable de un decreto
Divino, te buscamos vanamente;
Más remoto que el Ganges y el poniente,
Tuya es la soledad, tuyo el secreto.
Tu lomo condesciende a la morosa
Caricia de mi mano.
Has admitido,
Desde esa eternidad que ya es olvido,
El amor de la mano recelosa.
En otro tiempo estás.
Eres el dueño
de un ámbito cerrado como un sueño.
A UM GATO
Não são mais silenciosos os espelhos
Nem mais furtivo o amanhecer aventureiro;
És, sob a lua, esta pantera
Que nos é dado divisar de longe.
Por obra indecifrável de um decreto
Divino, te buscamos em vão;
Mais remoto do que o Ganges e o poente,
Tua é a solidão, teu o segredo.
Tuas costas condescendem com a morosa
Carícia de minha mão
Hás admitido,
Desde essa eternidade que já é esquecimento,
O amor da mão receosa.
Em outro tempo estás.
És o dono
de um âmbito fechado como um sonho.
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