Monday, September 21, 2020

Uma poesia pós-linguagem de Edmond Jabès



Edmond Jabès


Aucune clôture n’a de sens dans le désert, dans le vide aucune

pensée, aucun livre qui est clôture de toute pensé.

Parler du livre du désert est aussi ridicule que de parler du livre

du rien. Et pourtant, c’est sur ce rien que j’ai édifié mes livres.

Du sable, du sable, du sable à l’infini!

S’il y a un livre de la mort, il ne peut s’agir que de la mort mise

en mots – comme on met à sac, ô deux fois sacrifiée du livre.

C’est à ces limites infixées de l’esprit, à cette frontière dévastée,

mais infranchissable; que la ressemblance voit sa puissance dénoncée.

 

Nenhuma cerca faz sentido no deserto, no vazio nenhum

pensamento, nenhum livro que seja a cerca do pensamento.

Falar do livro do deserto é tão ridículo como falar do livro

do nada. Portanto, é sobre esse nada que edifiquei meus livros.

Areia, areia, areia ao infinito!

Se houver um livro da morte, só pode ser da morte posta

em palavras – como se saqueia – ô duplo sacrifício do livro.

É nestes limites não fixados do espírito, nesta fronteira devastada,

mas intransponível, que a semelhança vê seu poder denunciado.

Aqui se extingue a linguagem.


Ilustração: https://fatosdesconhecidos.ig.com.br/.



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