Sunday, September 13, 2020

E, hoje, é domingo com Antonio Deltoro

 


 
DOMINGO

Antonio Deltoro

Me siento solo como un dedo al que le faltara mano.

El domingo es un híbrido, un animal con pies de sábado y cabeza de lunes,

tierra de nadie que respira aburrimiento, comidas familiares.

Es un juego de cartas donde no se arriesga, música con sordina, sobremesa.

El domingo es anacrónico, corre despacio por miedo al despeñadero,

al infarto del lunes, al infierno: en el domingo los audaces se juegan más que la semana.

El domingo es un día por decreto oficial, un falso día.

El domingo amanece tarde y anochece temprano, es un crepúsculo precoz, entre paredes,

pesado.

 

DOMINGO

 

Me sinto só como um dedo que não tem mão.

O domingo é um híbrido, um animal com pés de sábado e cabeça de segunda,

terra de ninguém que respira tédio, refeições em família.

É um jogo de cartas onde não se arrisca, música em surdina, sobremesa.

O domingo é anacrônico, corre devagar por medo do desfiladeiro,

do infarto na segunda-feira, do inferno: no domingo os ousados jogam mais que na semana.

O domingo é um dia por decreto oficial, um falso dia.

O domingo amanhece tarde e anoitece cedo, é um crepúsculo precoce, entre as paredes,

pesado.


Ilustração: https://www.casitatravel.nl.

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