Wednesday, September 30, 2020

Uma poesia de Anna Moreno Guirao

 

Anna Moreno Guirao


No ho sé

si és quelcom arbitrari

la inèrcia de les agulles

del meu rellotge.

 

No ho sé

si et voldria amb mi

si és tan fugitiva l’alegria compartida

si soc tan inconformista

potser no mereixo cap alta estima.

 

M’és igual

si devores la vida a queixalades

si aturen el teu impuls

o la teva embranzida,

el meu sabotatge és propi.

 

On queda la meva confiança?

S’ha n’ha anada amb tu.

Penso, dic i sento,

però res coincideix.

 

La realitat m’és poc real ja

i no goso gaudir dels poemes amorosos

quan sento més la tristesa que l’amor

i no escric si ets amb mi,

però no ets meu

i et conec tant com em desconec.

 


Não sei de poesia amorosa

 

Não  sei
se é algo arbitrário
a inercia das agulhas
de meu relógio.

 

Não  sei
se te queria comigo
se es tão fugitiva a alegria compartilhada
se sou tão inconformada
talvez não mereça nenhuma alta estima.

 

Me é igual
se devoras a vida aos bocados
se detém o teu impulso
ou tua aceleração,
minha sabotagem é própria.

 

Onde a queda da minha confiança?
Se ela há ido contigo.
Penso, digo e sinto,
porém nada coincide.

 

A realidade me é pouco real já
e não ouso desfrutar dos poemas amorosos
quando sinto mais a tristeza que o amor
e não escrevo se estás comigo,
porém não és meu
e te conheço tanto como me desconheço.

 

Ilustração: https://www.bing.com/.

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